2019

Cerro Partido

30 e 31 de março

Findamos o mês de março com dois dias de atividade no interior de Encruzilhada do Sul. Para quem chega a este município oriundo do Norte é notável ver um cerro em forma de mesa em direção ao poente. Este é o Cerro Partido, objeto de nossa investigação.
Nesta ocasião principiamos o uso de moto para chegar ao destino. Os três pilotos foram o Daniel, Joéde e Ricardo e o caminho escolhido para a ida foi pela BR-290. Adentramos as estradas de chão pelas 16h com um horizonte já encoberto pelas nuvens de chuva que se aproximavam. Em um dado momento, passou no sentido contrário um caminhão. Encheu o ar de poeira (foto ao lado).

Não foi possível encurtar caminho até o cerro e a via que chega até ele vem de Encruzilhada. De maneira que tivemos que ir além do monte e depois voltar pela referida estrada. Uma placa de "Ponte Interrompida" nos deixou com uma pulga atrás da orelha, mas como estávamos de moto, a tentativa é livre. De fato, a ponte de madeira sobre o arroio Iruí estava tombada e optamos por passar pela água, visto que já fazia dias que não chovia.
Na base nordeste do cerro abrimos uma porteira e passamos a pilotar por entre o florestamento de pinheiros. Erramos o primeiro caminho, voltamos até a estrada e abrimos outra porteira, ao lado. Agora seguimos certo. Com a ajuda do GPS parávamos nos entroncamentos duvidosos para na sequência pegar o caminho certo. Em volta, tudo era floresta e a escuridão que se aproximava. A foto seguinte não é de nossa autoria, e sim de trilheiros de Encruzilhada. Exatamente neste ponto da subida, cerca de uns 50 metros do cume, nossas motos tiveram que estacionar. Não foram projetadas para pirambeiras como esta!

Foi apenas o tempo de escolher o local do acampamento, armar as barracas e se atirar para dentro. A chuva veio. Melhor dizendo, recolhi pinhas secas para debaixo da barraca, pensando que depois tínhamos que fazer a janta.
Dito e feito, pelas 22 horas o tempo limpou, prendi a iluminação em um pinheiro e demos jeito no fogo. O fogão foi feito com duas pedras. Tudo funcionou a contento, jantamos e dois ainda ficaram contando histórias até perto da meia noite. O local do nosso acampamento era extremamente agradável e silencioso.

Durante a noite voltou a ficar nublado. Assim, não fomos despertos pelo sol e sim pela gradual claridade do amanhecer. Durante o café nos convencemos a ir até o outro extremo do cerro, uns 2,5km a ser percorrido a pé. A equipe estava animada e seguimos campo afora. São duas propriedades distintas. Onde passamos a noite é florestamento da Tramontina. Depois temos um campo usado para a pecuária, ocupando a maior porção. Dividindo as duas, uma cerca com taipas nas extremidades (Foto seguinte).

Nosso objetivo não era só cruzar o cerro de ponta a ponta, mas sim encontrar um monumento erguido na parte mais alta. Feito por pedras do local, a alvenaria é datada de 1949 e provavelmente foi erguido por militares. É a única edificação que existe no cerro. Aproveitando a ocasião, iniciamos um novo projeto: encontrar a elevação proeminente da metade sul do RS. Aqui no Cerro Partido encontramos a altitude de 494 metros sobre o nível do mar, exatamente no pé do monumento.

O retorno aconteceu pelo costado leste, passamos por pequenas lagoas e margeamos a borda para encontrar os melhores mirantes. Em uma ravina ricamente envolta pela vegetação, o Daniel divisou algo que pode ser uma caverna.
Após retornar para o acampamento e desmontar as barracas, fizemos ainda uma última incursão na extremidade norte do cerro de onde vem a foto que abre este relato. Percebendo que aquele ambiente de encosta é o único que permanece inalterado pelo homem, seja por lavouras, plantações ou pecuária, percebi quão rica e exuberante eram as paisagens naturais do RS. O tipo de vegetação que se desenvolve em torno daquelas pedras pareciam ter sido plantadas a mão e as variedades se revezavam de acordo com a disponibilidade de solo e aclive do terreno. Imagino ainda que na parte de campo era o habitat de avestruzes, que compunham a fauna das adjacências de Encruzilhada na minha infância, mas que agora não se ouve mais falar.
Perto das 11 horas iniciamos o retorno. Um pouco mais fácil por já conhecer o caminho. Nesta feita fomos até Encruzilhada e depois pegamos a BR-471. Abastecemos na saída da cidade e 13:30 chegamos em Volta Grande, interior de Rio Pardo onde o almoço nos estava preparado. Passaremos agora a pesquisar onde possa estar a elevação proeminente da metade sul...

Boqueirão do Leão

03 de fevereiro

Iniciamos as atividades de 2019 no terceiro dia de fevereiro, domingo, rumo ao norte de Santa Cruz do Sul. Como se percebe na foto acima, o dia estava nublado, com direito a chuvisqueiro e temperatura abaixo dos 30°. Mas a data já estava marcada, todos ansiosos e partimos bem cedo lotando a kombi do Daniel.

Na ocasião estreou conosco o Eduardo e a Patrícia. Até Sinimbu foi asfalto e na sequência estrada de chão até o destino, sendo que subimos a Serra pela Cava Funda, Linha Almeida e depois Estância Schmidt.
Nosso primeiro destino foi o Perau da Nega, onde o afluente do Rio Pardinho sulcou no basalto um paredão em forma de arco. Conta-se que uma mulher se jogou lá de cima e daí o nome "Perau da Nega". O acesso é fácil e se chega de veículo até a parte superior da cachoeira. Por conta do tempo fechado, fomos os únicos a usar o espaço. Almoçamos por ali mesmo.

Com o drone foi possível fazer algumas imagens aéreas do sitio como se percebe na foto ao lado. Já em direção ao paredão o visual permaneceu encoberto de nuvens até a hora de sairmos. Para ter uma melhor visão, clique sobre as fotos para ver melhor os detalhes.
De tarde seguimos até a cidade de Boqueirão e nas sequência ao acesso que conduz até outra cascata, mais imponente, e no quintal dos munícipes. Acredito que nesta cidade não se venda muitas piscinas, porque tendo uma área, natural, como esta a poucos quilômetros da cidade, não valha a pena investir em piscina! Existe alguma placa de indicação no começo na estrada, mas não no início da trilha e então o jeito foi perguntar para os moradores locais. O que nos disseram é que o acesso era mais adiante. Seguimos. Estacionamento também é pouco, talvez para uns 10 autos apenas, na beira da estrada. Descemos a trilha e chegamos ao rio. Usando as pedras como degraus pisamos na água e atravessamos para o outro lado. Entendemos que estávamos entre duas cachoeiras, uma logo abaixo, menor em queda e outra, ainda encoberta, mais acima. Seguimos amontante. Qual não foi a nossa surpresa ao nos depararmos com esta visão!

Mesmo que a temperatura da água não estava convidativa, os rapazes caímos na água para algumas dezenas de minutos de nado e mergulhos. A parte central é profunda, só perto da margem "dá pé". No rebordo esquerdo havia um tipo de areia com alguns galhos encravados na mesma. Esta é portando a Cascata do Gamelão.
O afunilamento do local e as nuvens ocultaram os satélites do drone e a tentativa de voo não foi bem sucedida. Antes das 15h deixamos o local porque havia ainda outro objetivo no dia, uma outra cascata mais abaixo e de difícil acesso. Com ajuda do google maps deixamos as estradas principais e percorremos infindáveis estradas que na maioria das vezes só passa um auto. Neste percurso o tempo melhorou, abriu sol e o verde das encostas dos cerros resplandecia no entorno.
A Cascata Fischer fica portanto em um acesso que vai até uma propriedade em ruínas. A kombi e a caminhoneta do Joéde tiveram que ficar bem antes. Seguimos a pé. Na colina seguinte ouvimos o borbulho da queda d'água e avistamos a cachoeira. Seguimos pelo acesso até a propriedade e descemos pelo rio até a parte superior da cachoeira. Desde a Cascata do Gamelão até aquelas que tem em Alto Rio Pequeno, esta é a única que tem uma queda d'água livre de obstáculo. Infelizmente não conseguimos um panorama completo da cachoeira, apenas um vislumbre de longe por entre a vegetação. Ficou portanto a vontade de voltar com equipamento para poder chegar na base da mesma.