2017

Barra do Estreito

Em mais uma edição do Projeto Entre a Lagoa e o Oceano, partimos no dia dois de novembro para nossa última atividade do ano. O objetivo era preciso: o Pontal do Bojuru.
Entre seis tripulantes, usamos a Kombi do Daniel por ter mais espaço para levar os víveres e materiais para o acampamento. O tempo estava bom, mas havia apreensão em relação à temperatura porque no litoral é sempre alguns graus a menos que aqui. Rodando pela BR-471 constatamos na altura de Canguçu que não iríamos conseguir chegar a tempo para pegar a balsa em Rio Grande. Aliviamos o pé e seguimos na velocidade comum para uma Kombi, entre 70 e 80 Km/h. Dito e feito, chegamos 14 horas na "Cidade Velha" e sobrou tempo para procurar um restaurante nas imediações. Já estavam por fechar, mas como estávamos entre meia dúzia, prepararam mais carne e salada. Depois até chegaram mais clientes aproveitando o horário estendido.
Em feriados, como era o caso, a balsa se desloca apenas três vezes no dia em cada sentido. Perdemos o horário das 13h, agora só restava o das 16h. Esperamos o resto do tempo na fila dos caminhões. O horário avançado para montar o acampamento nos obrigou a não parar em São José do Norte. Descemos da balsa e logo seguimos pela BR-101 no sentido norte. Na altura do povoado de Bojuru intentamos usar as estradas vicinais para chegar logo até a beira da lagoa, mas foi em vão, tudo interrompido! Em 2011 quando passamos por ali haviam estradas livres, agora tudo pertence a um tal Paulo Santana e ele fechou as vias. Voltamos para o asfalto e seguimos até o "Beco do Justino" perto da Serraria. Um acesso que lembra o antigo codinome de "estrada do inferno" pelo qual seguimos até próximo da Lagoa. Porém um riacho impediu nossa passagem. Foi um momento difícil para nós, mais de 450km percorridos para parar diante de uma vala que um pedestre poderia atravessar correndo. O que nos impediu foi o desnível. A kombi iria entrar de bico na elevação seguinte e ficaria atolada. O terreno mais adiante só piorava e isto nos fez desistir de chegar ao Pontal. Escurecia e o nordestão nos açoitava. Retornamos até a Barra do Estreito.
No dia três, sexta-feira, consideramos aproveitar a estadia no agradável local. Diferente de 2011 quando ficamos expostos ao implacável vento, descobrimos que dentro do bosque de Pinus existem várias armações usadas pelos pescadores de camarão. Estendemos a lona sobre uma delas. A foto que encabeça este relato foi feita neste local.
Sabíamos que ali perto existia outra grande lagoa e para conferir a direção da mesma, erguemos o Drone até visualiza-la. Era simples, no fundo do bosque havia uma estrada que leva até ela. Pronto, já tínhamos atividade para a tarde e início da noite. A pescaria nos rendeu grandes peixes e um entardecer singular como se percebe na foto a seguir.

No sábado seguimos a agenda oficial. Desmontamos o acampamento no período da manhã e de tarde seguimos até o molhe leste. Isto, é claro, sem deixar de comprar uma saca de cebola no caminho. Na verdade foram duas para aproveitar a promoção. O clima na barra estava agradável, mesmo estando o mar agitado, não havia vento. Nos estabelecemos nas mesmas alvenarias de 2011, só que desta vez, na edificação maior, com divisórias. No avançar da tarde tomamos o material de pesca e seguimos pelo molhe. Do lado direito a calmaria do canal. Do lado esquerdo, além da barreira de pedras havia um mar agitado e os pescadores experientes. Com nossos apetrechos não haveria condições de arremessar a linha e muito menos habilidade para puxar o peixe para cima porque era frequente os mesmos se embretarem no meio das pedras. Por isto eles usavam umas taquaras para soltar a linha. Lançamos a isca no canal, era o que podíamos fazer. Nada pegamos.

De tentativa em tentativa chegamos no fim do molhe. Um amontoado de pedras e blocos de cimento. Na ponta, um farol automático. Ao perder meu anzol preso nas pedras desisti da pescaria. Ficou a recordação do crepúsculo, dos leões marinhos e da bravura do menino Felipe que nos acompanhou em todo o trajeto. Depois que retornamos para o casebre preparamos a janta e o nascer da lua nos presenteou com um belo panorama.

No domingo era o dia de fazer as malas e partir. O Daniel nos apressou para não perdermos o horário da balsa. Perto das 9 já estávamos estacionados perto do atracadouro e no aguardo compramos peixes para garantir o troféu. O retorno foi tranquilo e no anoitecer todos estavam em casa são e salvos.

Este é um breve relato. Muita coisa foi omitida na narrativa, como por exemplo o estande de tiro ao alvo montado no bosque de pinheiros e os peixes ganhos do vereador de São José do Norte como "recompensa" pela tentativa da pesca no mar. As fotos arquivadas nos ajudarão no futuro a lembrar destes momentos. Também é oportuno dizer que a intenção de fotografar no Pontal do Bojuru permanece!

Recuo do Mar no Litoral Sul do Brasil

Iniciando pelo Uruguai na sexta feira dia 11 de agosto, o curioso fenômeno se estendeu pelo Rio Grande do Sul e Santa Catarina nos dias seguintes. A foto acima retrata o recuo de 10 metros em Punta del Este no Uruguai, mas em Santa Catarina foi registrado retrocessos de até 50 metros em Balneário Rincão.

Para a maioria dos experts a ocorrência está relacionada com um anticiclone de origem polar que avançou para o norte sobre as águas do Atlântico. Os meteorologistas o classificaram como de ampla abrangência e extremamente forte porque teve um núcleo de alta pressão de aproximadamente 1048 hPa. O seu deslocamento coincide com os dias de recuo do mar, entre 9 a 13 de agosto. Na próxima imagem, oriunda do site Climatempo, temos uma ilustração do anticiclone e a direção dos ventos.

O recuo foi antecedido por uma forte ressaca. No dia 11, enquanto o Uruguai experimentava a calmaria, um bar flutuante foi arrastado por 5 km entre Porto Belo e Itapema no litoral catarinense. Durante a ressaca os ventos eram predominantemente do leste. Na mesma noite um barco pesqueiro que retornava de SC para Rio Grande desapareceu numa distância de 15 km da costa. O recuo do mar por sua vez, sucedeu a ressaca e foi explicado pela comunidade científica através da Teoria de Transporte de Ekman. A ilustração abaixo representa o fenômeno.

Conforme percebe-se na foto de abertura, o fenômeno serviu para mostrar o quanto de lixo temos na orla. Em Maldonado, a janela de 48 horas de downspout serviu para que uma equipe fizesse a limpeza da Playa Mansa, retirando das areias restos de construção, barras de ferros, madeira e pedras.
No dia 14 subsequente foi a vez do Guaíba registrar o menor nível em 12 anos. A consequência imediata foi a descoberta de enorme quantidade de lixo que descartamos próximo ou nas vias fluviais.

Andes 2017

2017 marcou significativamente a Hermomt. Mesmo que com baixo contingente, atingimos o primeiro cume acima dos 4.000 metros sobre o nível do mar, na fronteira entre Argentina e Chile. Sim, estamos falando da terceira expedição aos Andes ocorrida em meados de fevereiro. Foi a primeira vez que nos deslocamos de auto até Mendoza e posteriormente até o Chile. É um relato extenso ricamente ilustrado que você pode acessar aqui.