2020

Registros da Estiagem.

Mais um ano que o Rio Grande do Sul é acometido por uma estiagem prolongada. Ela se estendeu de dezembro de 2019 até o final de abril deste ano. Houve oportunidade de averiguarmos a escassez em seis lugares distintos, todos na bacia hidrográfica do Jacuí. A primeira parte da pesquisa foi feita em março, no leito seco do Rio Pardo, próximo à antiga estação de trem e no Balneário de Monte Alegre, conforme vídeo que segue.

Em abril nos aventuramos mais longe. Subimos de moto até a barragem de Passo Real, a maior do RS (quase 250 km² de área alagada). Foi no feriado de Tiradentes e estivemos entre quatro: Vanderson, Miguel, Daniel e Ricardo.
A barragem fica no município de Salto do Jacuí, e o cenário que presenciamos era realmente desolador. Mais de 10 metros abaixo do nível normal. Muitas ilhas de pedras se formando onde antes era só água. O zelador nos comunicou que a produção de energia na hidrelétrica estava restrita a apenas uma hora por dia no período da tardinha.

De tarde fomos até o vertedouro, onde, em meio ao basalto, se formou piscinas. Enquanto o Miguel e o Vanderson tentavam tirar alguns peixes da água, eu e o Daniel fomos mergulhar com os peixes. Água transparente.

Retornando do Salto e sem previsão de chuva para os próximos dias, intentamos novamente descer até o Jacuí no final de semana seguinte. Sábado fomos eu e o Daniel até Rincão Del Rey e adentramos os interiores até Porto das Mesas. Ali caminhamos pela margem conforme foto abaixo.

Estando por ali, aproveitamos para conhecer os antigos viadutos do trem. Na foto a seguir, o arco em pedras é a antiga ponte, do tempo da maria fumaça e no fundo a ponte de concreto usada atualmente.

A próxima parada foi em Porto Ferreira, onde presenciamos pequenas ilhas de pedras próximas à margem habitada.
Nossas visitas não foram feitas no período da piracema. Em praticamente todos os pontos, desde a barragem de Passo Real até aqui em Rio Pardo, observamos os pescadores em atividade. Não obstante a área alagada estar bem reduzida e os poços mais fundos escaços, os pescadores seguem implacáveis. Colhi relatos de que acima da barragem de Dom Marcos se usou bombas para espantar cardumes até as redes. Não há fiscalização e as pessoas não se dão conta de que o peixe também vai escassear.

O registro se encerra na praia de Santa Vitória, em frente a tradicional praia dos Ingazeiros. Novamente se percebe o surgimento de muitas "ilhas" compostas por aglomerados de seixos. O amarelado da foto é porque já estava no entardecer. Na semana seguinte voltou a chover.

Botucaraí

4 de abril

Retornamos entre quatro ao Cerro Botucaraí neste 4 de abril. Fugimos da tal quarentena do COVID-19 e se fomos respirar um ar mais elevado. O tempo se mantinha firme e ensolarado.

O objetivo principal era mensurar a distância que separa a coluna de basalto que se distanciou do maciço. Foi estabelecido dois pontos de referência. Entre eles a trena marcou dois metros e oito centímetros. Com o passar dos anos, retornaremos ao local e serão feitas novas medições para saber se o bloco está se afastando. Caso isto aconteça, de forma gradativa, será fácil prever o seu desmoronamento. A vibração provocada pelos trovões é um agente natural nestes processos de acomodação

Depois de observado o pôr do sol, descemos de imediato para escapar da penumbra. Foi o tempo suficiente para não errar a trilha, visto que não tínhamos levado lanterna. Retornamos para Santa Cruz.

Pontal do Bojuru

22 a 24 de fevereiro

Consta nos registros deste blog as vezes que estivemos ou tentamos chegar até o Pontal do Bojuru. Em 2011, em uma saga épica, ficamos conhecendo a península do "Farol Caído", montados em nossas bicicletas em um dia que para mim foi o mais cansativo. Em 2017 retornamos de kombi, mas nossas esperanças foram frustradas por um riacho. Na ocasião, para não perder a viagem, nos alojamos na Barra do Estreito.

Agora em 2020 mudamos a estratégia: nem bicicletas, nem autos, mas sim motos. Estas atravessam riachos e campos, só não são muito boas nas areias soltas. Se habilitaram para a façanha, o Ricardo, o Miguel e o Daniel. Saímos cedo no dia 22, sábado, e fizemos a primeira parada em Encruzilhada onde interagimos com um senhor de idade.

Como se percebe nas vestimentas, em Encruzilhada faz frio tchê!

Almoçamos novamente em Canguçu, ali junto ao posto Fita Azul. De tarde seguimos rumo a Pelotas e depois para Rio Grande.

Observando os horários que ficam registrados nas fotografias, chegamos no estacionamento da balsa era 13:55. Havia um barraco instaurado por causa de duas empresas que estavam disputanto o monopólio do serviço da travessia. Algo consegui registrar no vídeo que segue.

Sem nos determos em São José do Norte, logo seguimos pela BR-101 no sentido norte, passando pelo Estreito e Bojuru. Na altura de Cerraria, observamos a entrada que tem à esquerda, a mesma que percorremos em 2017 com a Kombi. Ironicamente o riacho que nos impediu três anos atrás, estava seco. Atravessamos de boa, porém, logo na sequência os primeiros confrontos com o terreno arenoso.

Estando na orla, seguimos 4km em direção ao pontal e nos estabelecemos atrás de dois pinheiros. Não ventava e então entendemos que não havia necessidade de entrada na mata. Estabelecemos a cozinha e em volta armamos as barracas. Uma para cada. O veleiro Solares 2 estava ancorado na enseada curtindo a mesma calmaria que nós, foto na abertura deste post.

Chegou o dia 23 e a parte da manhã foi dedicada à Ilha do Farol Caído. Seguimos de moto até as proximidades. O Miguel optou por ficar na barranca pescando. Eu e o Daniel seguimos por água até o peito, avançando até a ilhota.

Depois de observar as ruínas, o Solares 2 passou ao largo e seguiu o seu destino. Nós fomos na mesma direção: explorar estes bancos de areia que ainda existem e que eram "terra firme" no século XIX, quando então se decidiu contruir o farol do Bojuru.

Pegamos aguá na altura do peito. Avançamos lentamente até chegar nos bancos de areia. Estes pequenos refúgios tem sido o espaço que "sobrou" para as aves se sentirem seguras e chocarem seus ovos.

Retornamos para o acampamento. Era hora de fazer o almoço. Avistamos ao longe um comboio de jipes. Era a turma da ostentação. Não é por nada que citei no parágrafo anterior de que a vida animal remanescente se esconde, ou então se afasta.

De tarde foi a ocasião de visitar as dunas e no final da tarde o pôr do sol na lagoa.

No dia seguinte, o 24, segunda feira, iniciamos o retorno. Voltamos por Porto Alegre e não mais por Pelotas. Com a pressa, deixamos de aproveitar o mar, e as lagoas de Bacupari. Ficou para uma próxima!

Três Cascatas, Candelária

26 de janeiro

Iniciamos as atividades de 2020 no município de Candelária. A intenção primeira era ir até a Cascata da Ferradura (localidade de Roncador), porém soubemos de última hora que neste domingo haveria ali a escolha da Rainha das Piscinas. Para não perder a data, alteramos o roteiro.

Nosso novo destino está fora das rotas convencionais e nem mesmo nós sabíamos como chegar lá. Os cinco motoqueiros (mais o Felipe na garupa do Miguel) adentramos inicialmente pelo caminho da Linha do Rio. Só perto do Camping Apollo é que nos damos conta de que o afluente que desejávamos vinha da outra margem do rio Pardo e não há pontes sobre o mesmo, apenas as pênsis. O jeito foi retornar até a RS-287, passar por Candelária e ingressar na RS400 até a entrada do Caminho dos Tropeiros. Na altura da Ponte do Império nos informaram que aquele era o único caminho até as 3 cascatas e a estrada não era nada boa. Mas como já estávamos ali, seguimos. Logo ali adiante, uma íngreme subida, pedras soltas, moto saltitando, sorte que ninguém caiu!

Com mais algumas paradas para perguntar a direção e passado das 11 da manhã, chegamos no dito local. Aparentemente inóspito, mas foi só descermos o último lance que percebemos que estava "lotado". Estacionamos as motos já quase perto do espelho d'água. O local fez jus ao esforço, conforme se percebe na foto acima. Água extremamente limpa, locais variados e no poço principal, bastante profundidade. Montamos nosso discreto acampamento, grelhados no disco e assim fizemos nosso almoço. De tarde, em um momento em que não esperávamos mais companhia, chegaram o Boáz, Maiquel e Sandro. Fizeram um longo percurso por Passa Sete, em busca de estradas em melhores condições e agora estavam chegando. Aproveitamos a tarde nas piscinas mais acima. Na volta para casa o Boáz e companhias voltaram pelo caminho da Ponte do Império. Trouxemos ótimas recordações do local.