Andes 2017



















Atraídos novamente pelas altas montanhas da Cordilheira dos Andes, ousamos cruzar a América do Sul de Leste a Oeste na metade de fevereiro. Foram mais de 5.000 quilômetros rodados entre os dias 11 a 24.

Nas expedições de 2010 e 2013 desfrutamos do bom serviço de transporte coletivo argentino: FlechaBus, Andesmar, MercoBus entre outros. Poltronas leito e serviço de bordo tornavam as viagens econômicas e menos cansativas. Todavia ao chegar em Mendoza, assim como nos deslocamentos pela cordilheira, ficávamos à mercê dos itinerários e frequência dos "ómnibus" locais.
O desejo de maior autonomia na agenda já estava, portanto, em pauta. Tanto que em 2016 vários integrantes se empenharam na organização da primeira expedição com veículo próprio. Foram meses de preparativos, compra de equipamentos, definição da rota e cuidados com o carro. Mas no final tudo se dissolveu quando os aventureiros se viram impossibilitados de partir. Houve até imposição judicial, no caso do Anaelton, para que este não se ausentasse do país. Ressabiados, agora em 2017 não estendemos os preparativos. Tudo foi feito em duas semanas!
O veículo disponível foi um Clio 99, 4 portas, azul escuro. Pequeno para uma viagem deste porte, mas como éramos três, foi o suficiente. A Carta Verde pôde ser expedida rapidamente na seguradora Mueller. O que nos deu maior apreensão foi a liberação do Clio para ser conduzido pelo filho do proprietário, no caso o Joéde. Em relação à isto muito foi lido nos sites e blogs de viajantes, mas foi o contato com o ERESUL (Escritório do Itamaraty em Poa) que definiu os termos: a autorização emitida pelo proprietário do veículo deveria ser firmada em cartório local e depois remetida por correio para o 1º Tabelionato de Notas de Porto Alegre.
O Tabelionato autenticou o nosso documento de acordo com a Convenção da Apostila de Haia, da qual, Brasil, Argentina e Chile são signatários. A autorização nos permitiu viajar sem precisarmos acionar diretamente o Itamaraty. Claro que as coisas aconteceram tudo em cima da hora e este documento chegou para nós na manhã do dia 11, poucas horas antes da partida!
Estavam conosco na despedida o Eduardo e o Gilberto. O "Gyl" nos fotografou na Barão defronte de casa e logo depois das 13 horas moveram-se os pistões. Nas palavras do Amyr Klink, "Um dia é preciso parar de sonhar e, de algum modo, partir." Literalmente por várias vezes sonhara com as retas intermináveis do Pampa argentino e agora isso iria se cumprir.
Enchemos o tanque no Lisboa e seguimos para o sul até Pantano Grande. Ali ingressamos na BR290, direção oeste, a mesma que perseguiríamos até o destino. Não paramos em Rosário na ida. A ideia de fazer uma pausa na Praia das Areias Brancas foi adiada. Vivenciamos o que diz a música de Neto Fagundes, "seguimos o rumo do nosso próprio coração e chegamos em Alegrete no final da tarde". Ali pudemos compartilhar da hospitalidade da família Pires, ascendentes e primos do Maiquel. Entre diálogos de como é a vida na campanha um macarrão foi preparado às pressas. Tamanha hospitalidade, ficamos de passar por ali novamente quando estivermos em rota. No entardecer manobramos de volta para a 290. Os últimos 150 km revelaram um Rio Grande esquecido, abandonado. Percorremos um trecho sem nenhuma sinalização na pista. Nem a linha de bordo estava pintada.
O pernoite da primeira noite aconteceu em Uruguaiana, na 2ª Brigada de Cavalaria Motorizada, também consanguíneos do Maiquel. Antes de nos identificarmos na guarda, fizemos uma rápida visita ao Carlos, que nos hospedou em 2010. Mesmo passando por cirurgias no joelho, contou que mantém o costume de ir pescar no Rio Uruguai, de onde havia chegado há pouco. Concluso a "agenda" do sábado, nos ofereceram um relaxante banho, uma segunda janta e na expectativa de pisar em solo hermano adormecemos espalhados pela sala de nossos anfitriões.

A qualidade das ruas de Uruguaiana não mudou nestes últimos sete anos. Na periferia uma buraqueira sem fim. Apenas no centro um pouco de capricho. Passamos por ali para que o Maiquel pudesse acessar o caixa eletrônico. Depois seguimos pela rota internacional, cruzamos pela Aduana Brasileira sem nenhuma abordagem, fotografamos ao chegar na ponte internacional e atravessamos o rio.
Na aduana de Paso de Los Libres uma multidão de argentinos que vinham ou iam para as praias brasileiras. Erramos a fila e perdemos mais de hora até liberar nossos vistos de migração. Depois seguimos até um camelô nos fundos da rodoviária para fazer o câmbio. Era domingo de manhã e não havia outra opção. Seguimos pela Ruta Nacional 14 até a altura da 127. Ali optamos por seguir em linha reta até Paraná. Nos arrependemos! A Ruta 127 estava em péssimas condições e repleta de policiais desejosos de propina. Na primeira blitz que paramos não encontraram nada de errado com os equipamentos, mas procuraram de toda forma encontrar a validade do "mata fuego" (extintor). Nada encontrando foram direto ao ponto e pediram uma ajuda para o combustível visto que moravam longe. Passei 100 pesos e seguimos viagem até a próxima blitz...
Almoçamos no centro histórico de Santa Fé. Me afeiçoei com a arquitetura. Supera os ares de modernidade da vizinha Paraná. Querendo ganhar tempo optamos por seguir pelas autopistas. Primeiro para Rosário e antes de adentrarmos nesta grande cidade argentina desviamos para a AU9 que segue em direção à Córdoba. Esta pista com certeza se assemelha aos padrões europeus. Perfeita estabilidade. Esticamos a rotação do motor até próximo dos 200km/h. Na altura de Villa Maria declinamos para as vias secundárias. Depois de Rio Cuarto passou a escurecer e estávamos atrasados para o encontro com o Gustavo em Villa Mercedes. Ele já nos aguardava. Já passava dos 1000 quilômetros rodados neste dia e a proximidade da Ruta 7 nos trouxe um cenário curioso: uma linha iluminada no horizonte. Seria um engarrafamento? As luzes dos automóveis em série? Não! Era apenas a iluminação que o governador de São Luis decidiu colocar ao longo de toda a Ruta 7 que passa pela sua província. A entrada na cidade foi dificultada pela quantia de pessoas que perambulavam pelas ruas. Era Carnaval.
Seguimos o relato nas palavras do Gustavo (em itálico):
El dilema era, si encontrarnos en Córdoba, en San Luis o en Villa Mercedes… Cotejando los distintos probables puntos de encuentro, el que mejor resultaba por coincidencia de horarios era Villa Mercedes. La idea del encuentro era para permitir descansar a Joede que había venido manejando desde el punto de partida y tomar yo el volante para llegar a Mendoza.
La hora pactada para el encuentro eran las 18 horas. Yo salí desde Mendoza en ómnibus después del mediodía, llegando primero a San Luis y conocí ahí una terminal de ómnibus muy moderna de la cual quedé asombrado (foto). Otra cosa que llamó mi atención, fueron las grandes extensiones, hectáreas y hectáreas, plantadas con choclos desde el borde de la ruta hasta donde la vista se perdía en el horizonte. Llegué a Villa Mercedes con anticipación a la hora acordada. Esta terminal de ómnibus, mucho mas antigua. Se hizo la hora sin novedad de los viajeros. Me pedí unos tostados y una gaseosa para pasar el tiempo en un bolichito dentro de la misma terminal. Se hicieron las 20 horas y nada. La comunicación que teníamos, dependía de que los viajeros encontraran un lugar con wi-fi gratis, para podernos mensajear con Whatsapp. Así todo, no llegaba ningún mensaje. Cada tanto caminaba por los alrededores de la terminal para tratar de divisar el Clio con patente brasilera. Pero nada. Hasta que por fin, cerca de las 22 horas, los encuentro caminando y todos muy felices por habernos reunidos al fin.
Después de saber que el retraso había sido generado por un incidente mientras intentaban cruzar la aduana, tomé el volante del Clio brasilero y partimos a Mendoza. Llegamos entre una y dos de la mañana. El lunes me levanté temprano para ir a cumplir con mi jornada laboral en Tomio y los hermomtes quedaron al cuidado de mi hija Karen, para lo que ellos necesitaran...

Despertamos sem pressa. A expectativa maior em ver as montanhas estava com o Joéde, haja vista ser sua primeira viagem à Argentina e por termos chegado no mais profundo breu. Através da janela da sala vimos apenas os prédios da cidade. Circulamos pelo apartamento até nos depararmos com a janela da lavanderia. Ali obtivemos o primeiro vislumbre do que nos aguardava. Era apenas a pré cordilheira, mas divisava o objetivo de uma jornada de 2.000 km desenvolvida nos dois dias anteriores.
Antes da Karen chegar acordamos que seria melhor passarmos o dia em Las Heras visto que ali no apartamento onde estávamos, era uma trabalhoso entrar e sair. Este dia estava dedicado a percorrer o comércio em busca de víveres para consumir em alta montanha. A Karen chegou radiante como sempre. Dotada de uma energia singular, não é para menos que se identificou com os exercícios aeróbicos. Concordou com a ideia de estabelecermos uma base de atividades na sua casa e seguimos seu Fiat até um centro atacadista. Adquirimos ali os não perecíveis e algo para preparar logo em seguida no almoço. Os Argentinos almoçam tarde, cerca de 14 horas é o normal. O Joéde concluiu a galinhada um pouco antes. Lamentamos que ele tenha exagerado na quantidade, assim gosto tradicional que deveria representar o sul brasileiro se perdeu entre os muitos grãos de arroz, kkk.
No período vespertino concluímos os preparativos. Adquirimos uma porção de pesos chilenos e habilitamos um chip da movistar para nos comunicarmos com o Gustavo desde Cuevas. No anoitecer o Gustavo pode-se juntar a nós e não poderia faltar uma visita ao Parque San Martin. Todos os dias da semana a frequência ao parque é constante: caminhantes, skatistas, patinadores, ciclistas numa frenesi característica de centro urbano. Uma pausa na Fuente de los Continentes para um click!
O dia 14 amanheceu belo novamente. Nos despedimos dos pais do Gustavo e seguimos os três em direção a famosa Ruta 40 que costeia a Cordilheira em sua face oriental. Deixamos a região metropolitana sem ressalvas. O uso do google maps no tablet se mostrou eficiente. Até então erramos o caminho apenas na cidade de Paraná quando não entramos na via do túnel e sim seguimos na direção da cidade. Mas ali foi apenas descuido do navegador e não do aplicativo. De antemão eu havia baixado mapas específicos dos pontos mais complexos visto que não teria conexão com a internet para atualizar as posições. Agora, com um chip, esta questão estava resolvida. Após Luján, de volta a Ruta 7, adentramos a região da pré cordilheira. Finalmente iríamos ter a oportunidade de visitar o Lago Potrerillos! Nas expedições anteriores apenas o contemplamos pelas janelas do ônibus.

A intenção de descer até próximo à barragem, subir num cerro e fotografar desde a jusante foi impedida por um bloqueio da via: área restrita. Exploramos o que foi possível nas imediações do Clube de Iatismo. Conforme foto acima, a água se revela azul e límpida, característica de água de degelo. Almoçamos entre a Rua Los Condores e o desvio não pavimentado da antiga Ruta Panamericana. O lago é resultado de uma gigantesca obra de engenharia. Desde 1999 os operários passaram a desfazer as construções que haviam no local a ser inundado. O Ferrocarril Trasandino já havia cessado de transitar anos antes e os trilhos e dormentes foram levados para Cacheuta. A posterior inundação cobriu inclusive o local da estação. O lago serve atualmente como reservatório de água potável para consumo e agricultura. Também gera eletricidade, cerca de 20% do que é consumido na região metropolitana.
Depois do meio dia subimos um pouco mais até um bosque de álamos. A tranquilidade emanada pelo ambiente foi quebrada quando surgiu a ideia de "passear" sobre um dos troncos que boiavam na margem (foto acima). Tudo improvisado, inclusive o remo. Em seguida vieram remadores com caiaques de fibra, naturalmente que estranharam a minha condição. A temperatura da água estava agradável e o lago nos deixou boas recordações.
A próxima parada aconteceu no cemitério de Uspallata! Sim, este já era o primeira dia de aclimatação e tínhamos que subir qualquer cerro que que nos elevasse a 2000 metros sobre o nível do mar. Através do cemitério encontramos acesso às montanhas e onde deixar o automóvel. Sem mais delongas empregamos a marcha cerro acima. O Joéde se estendeu um pouco mais e eu e o Maiquel subimos até o primeiro cume. Muito material solto, mas sem incidentes. Do alto contemplamos extensa área do vale de Uspallata. Conforme foto abaixo, no primeiro plano vemos a parte irrigada, mais acima o Rio Mendoza e a direita a visão não se estendeu muito por conta da chuva.
A satisfação da primeira conquista foi suprimida por uma inquietação: chovia em vários pontos e onde iríamos passar a noite? A ideia até então era de fazer o pernoite nas ruínas adjacentes à ponte férrea construída após o aluvión de 1934. Esta intenção foi descartada porque os prédios usados pelos construtores da ponte estavam sem cobertura. Na descida, percebi que no cemitério existiam túmulos tipo casinhas recém construídas e portando sem "moradores". Um teto então não seria mais o problema. Seguimos até a área urbana para comprar carne para a janta. Foi então que veio uma terceira opção: pernoitar em um dos túneis abandonados que temos antes de Polvaredas. Acertamos na escolha. O local estava totalmente deserto. Havia abrigo para todos, inclusive para o auto. Na entrada do túnel, água de excelente qualidade proveniente do Arroyo Cortaderas. A partir deste episódio sentimos o agradável gosto do desconhecido, do improviso. Mesmo planejando tudo de antemão, as variações no ambiente nos obrigam a fazer diferente. Ao anoitecer, inspirado pelo cenário envolvente, me pus a pensar sobre a relação entre vivência e personalidade. Seremos pessoas "melhores", inteligentes, ou mais sábias ao retornar? Ou a aventura ficaria apenas no campo das recordações? A reflexão me permitiu entender que a personalidade é forjada por uma sucessão de experiências, desde a infância. Para citar um exemplo, a facilidade ou não com que nos lembramos de um evento do passado está relacionada com o grau de emoção envolvida no episódio. E por mais curioso que possa parecer, centelhas desta emoção (haja vista que são inúmeras os tipos de sensações que podemos ter) parecem estar armazenadas juntas na memória. Ao recordarmos o fato, a sensação aflora novamente por conta de hormônios... mas não vamos nos aprofundar no fisiológico. Enfim, é assunto para ser discutido nas próximas expedições.
No amanhecer, ainda enrolado no saco de dormir, fotografei o Maiquel na saída do túnel. Uma perfeita representação da "caverna" que nos abrigou. Por ali passava o tráfego da Panamericana nos tempos em que os caminhões não eram muito altos. Desde o final da década de 70 a demanda por mais espaço alterou o traçado.
Chegou o segundo dia de aclimatação. Era 15 de fevereiro, quarta-feira. Passamos ao largo de Polvaredas e seguimos até Punta de Vacas. Agora o desafio era encontrar um local para deixar o auto, visto que passaríamos dois dias no interior dos Andes. Fizemos uma tentativa no parque espiritual do Silo, mas a pessoa que nos atendeu disse que no dia seguinte não haveria ninguém ali para abrir o portão para nós. Retornamos até a área de fiscalização da Gendarmaria. No estacionamento dos caminhões encontramos uma pequena lancheria aberta. Fizemos a compra de "milanesas" e comentamos sobre a necessidade de um local para deixar o carro. Qual não foi a nossa surpresa quando a atendente dispôs a sua casa como abrigo! Assim, eu e o Maiquel ficamos cuidando da banca enquanto que ela e o Joéde levaram o Clio. Retornaram em sua pequena moto. Tudo resolvido, mochilas prontas e agora era só partir.
Iniciamos a marcha com um belo pano de fundo: a mirada do Tupungato. O engraçado é que depois de adentrar o vale não temos mais ângulo de visão do vulcão. Atravessamos o Rio Cuevas e subimos a encosta adjacente. Dali em diante foram 1,3km de terreno plano até o afunilamento do vale. A proximidade da "água mágica" nos fez intentar atravessar o rio. Sem chance, muita correnteza e volume de água. A "água mágica" é um gêiser na encosta de uma montanha. Provavelmente não seja natural e esteja associado ao fornecimento de água potável. Seguimos por terrenos dos mais diversos: beira do rio, banhados e principalmente encosta rochosa. Havia ali um caminho transitável por veículos de tração. Esta via permitiu aos obreiros do MOP transportar material para construção de pontes e abrigos. Depois de quase um século, está interrompida, principalmente nos pontos onde a encosta da montanha está lado a lado com o rio. O intemperismo solta toneladas de fragmentos das encostas das montanhas todos os anos. A neve por sua vez arrasta para os pontos mais baixos tudo que encontra pela frente. Este fenômeno sucede também na Ruta 7. Aqui apenas não houve o interesse de manter o caminho livre.
Passado quase 3 horas chegamos ao Refúgio Rio Blanco. A alvenaria foi edificada num ponto com abundância de blocos de Andesito, o mesmo material empregado na edificação. As paredes são largas ao que permitiu aos construtores revestir internamente com barro e palha. O local estava desabitado e a porta devidamente amarrada com um corda. Logo em seguida entendemos a utilidade da corda e outros apetrechos que ajudavam a segurar a porta: as rajadas de ventos são imprevisíveis e violentas! O nome Rio Blanco é devido ao rio homônimo que encontra o Tupungato ali do lado. Foto abaixo.
O Refúgio Río Blanco é o primeiro em uma série de 6. São eles: Blanco, Chorrillos, Las Taguas, Polleras, Toscas e Plomo. Na internet se encontra imagens do Chorrillos e Taguas. Os demais é possível localizar apenas pelas imagens do google. O Plomo está destruído, os demais aparentam estar de pé. Entre o Blanco e Chorrillos existe um vão muito perigoso onde o rio encontra uma parede vertical da montanha. Nos últimos anos foi posto um cabo de aço para que o aventureiro não precise se atirar na água ou escalar a montanha. Nesta foto de Mijel Lotfi temos uma noção da dificuldade que é seguir adiante com víveres para vários dias!
No período da tarde exploramos a montanha que fica atrás do refúgio. Subimos pela direita onde o material solto toca na rocha firme. O objetivo era aclimatar. O Joéde se estendeu um pouco acima. São inúmeras as fotos que a viagem nos proporcionou e colocar parte delas aqui iria dificultar a narrativa, portando, algumas estamos postando através de link. É o caso de duas fotos que retratam as atividades desta tarde (Joéde, Ricardo). Aproveitar a água do rio para preparo de alimentos estava nos nossos planos. Todavia, de tarde em diante o volume d'água cresce tornando-a turva. Foi necessário usar a decantação. Encerrada as lidas externas e com o declínio do dia nos abrigamos em definitivo no refúgio. O primeiro átrio da edificação é amplo. Continha uma mesa e bancos. Para os fundos uma divisória com dois espaços distintos. Num deles uma semelhança de caldeira, provavelmente para esquentar água. Usamos apenas a mesa e os bancos. Os colchonetes espalhamos pelo piso. A julgar pelas condições, passamos bem a noite ou então o Maiquel possa ter passado um pouco de frio porque ele sempre esquece de levar itens para pernoite.
Amanheceu a quinta feira, dia 16. Porta afora o cenário prometia outro dia "despejado". O desjejum era variado de acordo com o gosto. Dois prepararam o café e eu segui tomando suco. Por conta da intolerância à lactose, levei desde o Brasil pães. Tínhamos também um saco de sucrilhos. O projeto para esta manhã era subir rio acima e até onde pudéssemos alcançar. Cálculos posteriores permitiram estimar o deslocamento em 3 quilômetros em uma trilha bem marcada. De onde paramos, mais 7,5km até o Refúgio Chorrillos! A expectativa era poder avistar o Tupungato, mas como isto não aconteceu, intentamos subir a montanha ao lado: o excesso de material solto nos fez desistir. Na volta me demorei por entre os "derrumbe" de rochas. Encontrei algo semelhante à vegetais fossilizados. Cedo, antes de sair, deixei uma bolsa de água no sol. Na volta tive direito a um banho de gato.
Preparamos mais milanesas para o almoço e de tarde curtimos os últimos momentos no refúgio. Encerramos esta primeira página com a foto oficial, já com as mochilas prontas para partir de volta a Punta de Vacas. Pelo motivo de que esta narrativa é extensa, os próximos atos serão descritos em outro post, com ressalvas à escalada do Cerro Santa Elena, visita à Laguna Escondida e tour pelo Chile! Como dizem os apresentadores: "não perca!".