Na Argentina, a Província de Mendoza se encontra na vanguarda das pesquisas glaciológicas. Situada no contexto de Andes Centrais, detentora do Cume das Américas, sempre atraiu aventureiros e pesquisadores. Os registros dos naturalistas possui elenco variado, incluindo o inglês Charles Darwin.
A sede da província abriga as instalações do Instituto Argentino de Nivelogía, Glaciología y Ciencias Ambientales (IANIGLA). São eles que monitoram e organizam o inventariado de todos os glaciares argentinos. São também importante fonte de informações para este projeto.
Considerando a amplitude das formas encontradas, suas dimensões e ainda os trabalhos de pesquisas já desenvolvidos, aqui estaremos discriminando por complexos de glaciares. Para tanto, será levado a termo a montanha na qual estão fixados ou então à bacia de drenagem da qual pertencem.
Quebrada de Matienzo. Fevereiro de 2010
GLACIARES DEL MATIENZO: Vale que ascende à fronteira entre Argentina e Chile. Inicia numa altitude de 3.100 metros em Las Cuevas e culmina no Cajón del Rubio, 24km após e com um acréscimo de altitude de 1000 metros.
Os principais glaciares deste complexo são: Hombre Cojo no maciço Tolosa, Matienzo no cerro homônimo, Piloto no Noroeste do Cajón del Rubio o Alma Blanca no Cerro Brasil. Inúmeras outros de menor tamanho circundam estes em toda a extensão do vale. O Alma Blanca é o maior e de mais difícil acesso.
Glaciar Hombre Cojo. É o mais acessível porque está a poucos quilômetros da Ruta 7, principal via entre Argentina e Chile. Tem este nome por conta do seu formato visto desde o Passo Libertadores conforme mostra figura ao lado. Não temos encontrado na literatura estudos específicos sobre ele. Os dados que pudemos coletar, em duas expedições (2010 e 2013) nos permitem concluir: sua extremidade inferior está numa altitude de 4.000 metros sobre o nível do mar. A área Periglacial está na faixa dos 3.600 m até 4.000. Em 3.650 metros temos encontrado um fragmento de glaciar encrustado no flanco Oeste. A densidade do gelo atesta a crioforma. Em novembro de 2013 ascendemos até a extremidade da "pata larga" do glaciar. Segue o vídeo.
O Glaciar de Matienzo dista 14 quilômetros desde Las Cuevas. O nome se deve à tragédia de 1919 quando o aviador Benjamín Matienzo intentou cruzar a cordilheira em um monomotor Nieuport 28C1. O acidente custou a vida do aviador que morreu a 17 km de Las Cuevas. Atualmente, no flanco Oeste do cerro, junto ao refúgio "Las Minas" existe um monumento ao aviador e posteriormente todo o vale ganhou o seu nome, localmente chamado de "Quebrada de Matienzo". Quanto ao glaciar ali existente carecemos de maiores informações e fará parte das observações das próximas expedições.
O Glaciar Piloto está no fundo do vale, no flanco sul do cerro... Para fins de estudo, está dividido em Oeste e Leste sendo separado parcialmente por uma formação rochosa. Por ser cabeceira do Rio Cuevas, é monitorado desde 1979 pelo IANIGLA, mais especificamente pelos pesquisadores Leiva, Cabrera e Lenzano. Desde então muitos artigos tem sido publicados atestando a evolução do mesmo. De uma área de 1.4 km², situada entre 4.185-4900 m, os pesquisadores garantem uma perda de massa significativa, principalmente após a década de 90. A tendência é que se transforme em um glaciar de escombros.