Projeto Cordilheira dos Andes surgiu há mais de três anos. Quando subimos para os Aparados da Serra, já tínhamos este pensamento. Nos últimos meses de 2008 fizemos as primeiras reuniões preparatórias e mudamos a data de outubro de 2009 para fevereiro de 2010. Também neste tempo, fizemos amizade com o Gustavo de Mendoza e o projeto ganhou novos contornos.
Texto por Ricardo Wisniewski e Gustavo Carrión
A idéia primária era irmos com veículo próprio, isto porque o grupo era de 8 pessoas, e a data escolhida foi 13 de fevereiro, 06:00 horas da manhã (por um bom tempo, tivemos no blog um cronômetro regressivo com esta data e hora). Mas o grupo foi diminuindo, mesmo sendo a semana do carnaval no Brasil, integrantes não conseguiram dispensa por uma semana. Em outubro de 2009, os que iriam reduziu-se para três, O Ricardo, o Maiquel e o Gilberto. Nesta altura, o Gustavo considerou que, sendo apenas três, ele próprio poderia promover parte do nosso deslocamento e nos oferecer estadia em sua casa.
Assim, partimos um dia antes, na tarde do dia 12 de fevereiro, sexta-feira, os três mochileiros.
Foi uma tarde quente aquela. O termômetro ali próximo ao Posto Arroio Grande marcava 33º. O joéde sabendo do nosso horário de saída apareceu um pouco antes com a intensão de nos levar até a rodoviária, mas como o ônibus ia passar ali na Castelo Branco, agradecemos a gentileza.
Nossa primeira hora de bus foi de Santa Cruz até Pantano Grande pela Viação União Santa Cruz. R$ 8,30 a passagem. Chegamos 18:15 hrs em Pantano e logo fui ver como estava a situação de nossas passagens para Uruguaiana. Por regra, 2 passagens estavam reservadas para Pantano, mas a terceira era relativa a lugares sobrando pois a linha era Porto Alegre - Uruguaiana, pela empresa Planalto. Perto das 19 horas a viatura chegou e tive que interceder junto ao motorista expondo nossa situação e o fato de que já tinha entrado em contato com a rodoviária dias antes e comunicado que éramos três viajantes. A situação se resolveu com a minha ida na classe executiva até um lugar chamado Vila Nova. Depois passei para uma poltrona "comum". R$ 84,00 por pessoa.
Chegamos a Uruguaiana na madrugada do dia 13. Ali desfrutamos do primeiro ato de hospitalidade, do casal Carlos e Vera dos Santos que mesmo o avançado do horário, nos receberam com um carreteiro de charque. A foto da esquerda é do amanhecer. O Carlos deve ser parente do Guri de Uruguaiana.
Dormimos poucas horas, mas foi de grande valia. Logo depois das 6:00hrs fizemos o desjejum e o nosso anfitrião nos levou até a ponte internacional. Ele sacou uma foto nossa e seguiu adiante, pois ia trabalhar. Ah, esta família era conhecida do Maiquel do tempo em que este morou em Uruguaiana. É através da gentileza e confiança destas pessoas que podemos ir mais longe...
Na foto da direita, as torres brasileiras. No lado argentino não me lembro de ter visto nenhum marco.
Na nossa inocência, estávamos prontos para entrar na Argentina e não havia nenhuma fiscalização diante de nós. Antes das torres, apenas um funcionário que nos cumprimentou sorrindo e iniciamos nossa caminhada pela calçada da lateral da ponte. Lá fomos nós! Agora com uma sensação de estar longe de casa, andando com as próprias pernas e também entrando em território desconhecido.
Esta ponte tem perto de um quilômetro e meio de comprimento e foi construída pelas duas nações, a armação de ferro foi brasileira e o cimento argentino. Foi inaugurada em 1947 e da banda no norte passava o Trem.
Nós encantados com aquele amanhecer e aquele riozão lá em baixo, passamos da metade da construção (Psiu, agora já estávamos na Argentina) e seguimos filmando e fotografando. Mais uns 100 metro e uma viatura policial dos hermanos nos abordou. Era os gendarmes, a polícia fronteiriça. Não era a recepção que esperávamos mas também já sabíamos que não era mais Brasil. O fato é que não poderíamos chegar até o outro lado a pé. E para não nos dar carona, eles vieram com a viatura cheia. Cada policial para nos dizer uma frase, hehehe.
Mas retornamos, ouvimos falar de um ônibus e fomos para a aduana brasileira. Na espera apareceu um táxi argentino soltando algumas fumaças a mais. Pronto ali estava o que precisávamos. R$ 15,00 custou à travessia, mas finalmente íamos dar entrada em nossos vistos de imigração. Depois que entendemos que eram duas vias para serem preenchidas, não demorou tanto. O câmbio foi desproporcional, foi 1 real por 1,92 pesos. Eu já sabia que era um por dois e então comprei apenas 400 pesos para não passarmos fome. Dali fizemos uma caminhada até o Terminal de Omnibus de Paso de Los Libres.
Os inocentes meninos agora descobrem outra realidade em solo portenho: os ônibus saem de noite para chegar de dia. Ou seja, durante o dia inteiro não haveria ônibus para Paraná, apenas de noite. O plano original era estar 19:00hrs lá para pegarmos o Andesmar até Mendoza. O que fazer? Ficar nervoso até se acostumar com esta realidade!
Outra coisa! Na argentina, em cada rodoviária existem as representações das empresas de turismo e você tem que ir de uma em uma perguntando se tem bus para onde você quer ir. Fiz isto e encontrei... uma atendente que se interessou pelo nosso caso e quis ajudar. Interessante isto! Alguém que vence a concorrência pelo fato de se interessar pelos problemas dos outros! Eis ai um segredo.
Na direita, paisagem de Entre-rios (entre o rio Uruguai e o Paraná). Parece o cerrado brasileiro ou uma savana africana.
Ela nos conseguiu viagem para 13:15 da tarde, com uma conexão em Concórdia e chegaríamos ainda no mesmo dia em Paraná.
Muito bem, o pior passou, agora era só curtir o conforto dos ônibus e contemplar as paisagens. Nossos lanches vinham em bandejas de isopor, só faltou internet Wifi.
Concordia foi apenas uma escala a cumprir e não estava fora de rota. Dali para Paraná, seria somente ir em direção Oeste. É claro, algumas horas de viagem. Esta cidade fica na divisa com o Uruguai. Do outro lado, a cidade de Salto, logo acima, uma grande barragem no riu Uruguai. Uma hidrelétrica. Mas não fomos lá ver, ficamos nas imediações da rodoviária e nesta foto, os dançarinos de tango foi nosso pano de fundo. Depois das 17 horas, partimos rumo Oeste.
Parana é a capital da Província de Entre Rios, tem aproximados 270 mil habitantes. É uma cidade muito antiga, surgiu da intenção de moradores de Santa Fe habitar a outra margem do rio.
Agora estávamos prestes a embarcar no ônibus que nos levaria até nosso destino, isto ajudou no ânimo do pessoal visto que a empresa nos comunicou um atraso de uma hora.
Resultado: saímos perto das duas horas. Deixamos para sacar fotos na volta, mas na direita temos uma imagem do túnel sob o rio Paraná.
Em toda a viagem tive facilidade para dormir no ônibus e este resto de noite foi bem aproveitado para o descanso. Acredito que voltei ao mundo da consciência depois das 9 horas, já estávamos por chegar a Vila Maria que é a metade deste percurso. Depois do meio dia passamos pela Gran São Luis e depois já sabíamos, era a Província de Mendoza.
Depois de São Luis a vegetação é mais rala, de clima árido e surgem os álamos por toda parte. Quando distávamos 70 km de Mendoza, já avistamos a cordilheira envolta em nuvens como percebemos na foto ao lado.
Segue narrativa com Gustavo Carrión em espanhol:

Era el día domingo 14 de febrero. La fecha había llegado. Un puñado de Hermomtes estaba haciendo el arribo a Mendoza. La temperatura de ese día era de 30 grados y la llegada de Ricardo, Maiquel y Gilberto estaba prevista para la hora 16.
Preparé mi viejito Reanult 18 lavándole un poco la cara para tratar de dar una mejor impresión, sin saber que la humildad de la gente que estaba por conocer, lo menos que harían era fijarse si el auto estaba limpio o sucio. Llegué a la terminal y al consultar por la llegada del FlechaBus que venía de Paraná, sólo logré aumentar la ansiedad por conocer al mencionado trío, ya que me informaron que venía con un retraso de una hora y media. Como hacía calor y estaba un poco cansado por causa de un fin de semana con mucha actividad, me volví a mi casa a dormir un rato de siesta. Lo cual fue un error de mi parte, porque cuando volví a las 18:30 a la terminal, me encontré con los 3 personajes brasileños (que en el transcurso de su estadía en Mendoza, terminarían por convertirse en mis hermanos), tratando de pensar qué harían ya que hacía 20 minutos que habían llegado y yo no había aparecido.
Cuando me iba acercando al lugar de llegada de los ómnibus, al primero que vi fue a Maiquel y me pareció que lo reconocía ya que entre tantas charlas que habíamos tenido por internet, algunas de ellas habían sido con cam incluida. A Ricardo no me costó reconocerlo ya que había visto muchas fotos de él en blog, solo que en persona se veía mucho mas joven. Y en ese mismo momento conocía a al benjamín del grupo, Gilberto, quien nos iba a tener preocupados a su regreso, ya que debía presentarse a cumplir con el servicio militar obligatorio y llegaría dos días tarde.
La primera sorpresa mía, aunque no se los dije a ellos en ese momento, fue ver el escaso equipaje que traían, pensando en la gran empresa que tenían planeado emprender.
Mi casa no es muy grande, pero les preparamos una habitación a los tres paladines y compartimos una media tarde después de haber tomado ellos, una relajadora ducha.
Había planeado recibir a los Hermomtes con un asado especial, en compañía de mi familia; Patricia mi esposa, Karen mi hija mayor, Tiago mi hijo menor, Pablo, amigo de Karen, mis padres, Gustavo y María Estela, mi tía Cota y mi hermano Arturo quien sería quien me daría una mano con el asado mientras yo atendía a mis amigos. Estaba ausente mi hijo Yoel que por causa de su trabajo, no pudo compartir con nosotros el asado ese día.
Mi hermano Arturo se lució con las costillas, chorizos y morcillas que cocinó a las brasas en medio de una incómoda lluvia que parecía que terminaba pero que al rato volvía a caer. Hay que destacar también las ensaladas que preparó mi esposa Patricia y que fue Ricardo quien mejor les hizo los honores. Obviamente que la lluvia no nos dejó comer en el patio. No puedo dejar de mencionar aquí, que Maiquel y Gyl tuvieron una ración especial de combustible (entiéndase: Coca Cola).

Pablo, cuando se entera que el primer destino de montaña de los Hermomtes era Las Cuevas, inmediatamente se puso en contacto con sus familiares, haciendo un gran y desinteresado aporte al grupo, ya que les consiguió el alojamiento gratis en un departamento anexo al restaurante que atienden sus tíos en ese lugar.
La cena transcurrió sólo después de haber hecho una importante reunión convocada por el jefe Ricardo, para hacer un balance de lo gastado hasta el momento y hacer una previsión de lo que podrían llegar a gastar, guardando lo necesario para los pasajes de vuelta y un monto de dinero en reales como si fuera una póliza de seguro, por cualquier contingencia que pudiera ocurrir. Esto dejó en total evidencia que los Hermomtes no son ningunos improvisadores y que trabajan con total responsabilidad y buena organización.

Las tres bicicletas que mi amigo Rubén ya tenía armadas desde el viernes anterior, no podíamos buscarlas hasta las 10 de la noche ya que Rubén estaba de paseo y no volvía hasta esa hora. Sería mucho más cómodo ir a buscar las bicicletas en la mañana temprano e ir directamente a la terminal a tomar el ómnibus a Las Cuevas.
Esa noche, ya sabía que nunca me arrepentiría de pedir licencia en mi empresa para el lunes 15 de febrero y poder dar el apoyo logístico que el grupo necesitaba; mi decisión no pudo ser mas acertada. Nos levantamos no tan temprano, pero sí con el tiempo suficiente como para dejar a Ricardo en el centro de Mendoza para cambiar reales por pesos e ir, Gilberto, Maiquel y yo a buscar las bicicletas. Si bien la idea era que Maik y Gyl vinieran andando en las bicicletas hasta la terminal, se salvaron de la primer “bicicleteada” porque Rubén me prestó un portabicicletas para el auto. Buscamos a Rik en el centro y con todo esto llegamos a las 10 de la mañana a la terminal.

Un muy buen horario ya que el ómnibus del expreso Uspallata que iba a Las Cuevas, salía a las 10:15. Sacamos los tres pasajes y pagamos el flete de las bicis, que por suerte nos cobraron la mitad de lo que yo había averiguado que cobraban. Aquí los Hermomtes ya daban una muestra de su experiencia, porque como había que sacar las ruedas delanteras de las bicicletas, ellos las prepararon convenientemente para poder ser cargadas en el maletero del ómnibus. Mientras con Maik habíamos ido a comprar unos “facheros” anteojos de sol. Ese día había mucha demanda de pasajes ya que salieron dos micros completos de cuarenta y tantos asientos a Las Cuevas, quedando personas sin poder subir, que no aceptaron viajar parados."

Expreso Uspallata é a empresa que cobre as distâncias de Mendoza até a fronteira com o Chile. Seguimos montanha acima. Não queria olhar as paisagens em derredor visto que na volta teríamos tempo para isto, mas como não olhar o azul das águas do lago Potrerillos, ou os praticantes de rafting no rio Mendoza? Fizemos uma baldeação na cidade de Uspallata e o Maiquel e Gilberto seguiram por uma van. Depois da Puente Inca, novamente juntos e agora o ônibus quase vazio, seguimos até Las Cuevas.
Devido aos deslizamentos de rochas das montanhas, Las Cuevas surgiu repentinamente logo após passarmos por um túnel. É um povoado em forma oval, voltado exclusivamente para o Turismo. Desembarcamos justamente no hotel que se tornou nossa morada por três dias. Ainda no ônibus, fomos saudados com um aceno e já em terra firme pessoalmente pelo cumprimento de Lito, nosso anfitrião. Lito e Sara eram os dois nomes que Pablo havia nos passado, e estavam agora ali diante de nós. Ele logo nos levou até nossos aposentos. Ficamos hospedados em um apartamento ao lado das ruínas da antiga Estación Las Cuevas.
Mesmo sendo umas três horas da tarde, almoçamos e enfim veio o momento de contemplar e viver o lugar. Aquele temor que tínhamos nos meses anteriores, de planejar por três anos e no fim não dar certo (nadar e morrer, na beira da praia), agora já era coisa do passado. Agora de fato estávamos ali, no centro da Cordilheira dos Andes, rodeados por montanhas nevadas, a uma altitude superior a 3.200m.
Neste primeiro dia nos dedicamos à aclimatação. Uns 600 metros de montain bike e depois apenas treking em direção a Quebrada de Matienzo. Este lugar era conhecido como Vale da Bodega. Depois da morte do piloto Matienzo em 1919, na sua tentativa de cruzar os Andes num velho Nieport, passou a denominar-se Vale de Matienzo. O piloto teve de fazer uma aterrissagem forçada numa encosta. Sobreviveu e ferido tentou alcançar a civilização. Mas o mês de maio já é muito frio naquela altitude. Morreu um ou dois dias após da queda. Seu corpo foi encontrado 4 meses depois. Os destroços do avião apenas 30 anos depois.
Percebemos que com o esforço físico vinha a fraqueza. Nem tanto falta de ar, mas mais fraqueza que era uma consequência da outra. O Gilberto teve dores de cabeça. No retorno atravessamos o rio Las Cuevas a pé. Águas geladas e com correnteza. Aquilo que ficamos devendo em fotografias tem disponível em vídeo e em ocasião oportuna estaremos divulgado em DVD e porções no You TuBe.
Las Cuevas tem uma história bem interessante. Seus atuais moradores contam que antes de 1944 o povoado ficava do outro lado do rio e eram mineradores que tiravam o sustento (minério) do cerro Tolosa. Produziram nesta montanha, cavernas (de onde vem o nome Las Cuevas) de mineração. Todavia, no terremoto de 1944 com epicentro em San Juan, o Tolosa veio abaixo e soterrou o vilarejo, matando de noite, cerca de 80 pessoas. Não encontramos este relato em nenhuma outra fonte e por isto está sendo investigado e o resultado do mesmo será divulgado na produção do documentário sobre o Ferrocarril Transandino.

Na foto da esquerda, um refúgio colonial para proteção de viajantes, mensageiro e pessoal dos correios. Ambrosio O' Higgins ordenou construí-los no século XVIII.

Nosso segundo dia de alta montanha foi dedicado ao Cerro Tolosa. Esta montanha foi nosso objeto de estudo desde o principio deste projeto. Os motivos são: acesso imediato a começar pela ruta 7, por ter altitudes acima dos 5.000 metros e permanente glaciares. De fato é uma montanha encantadora. Subimos margeando imensos blocos de pedras, supostamente caídos no terremoto de 44. Neste dia nossa aclimatação já estava bem melhor. O Gilberto não teve mais dor de cabeça e a fraqueza deu lugar ao ânimo. Pela altura dos 3.600 tivemos nosso primeiro contato com o gelo. Entre as pedras, protegidos do sol e do vento, blocos de gelo resultantes do último inverno. Mais adiante, uma rampa de gelo e o Gilberto já quis deslizar. Estes blocos que achamos pelo caminho, estavam com a superfície suja pela poeira trazida pelo vento, mas quando raspados, percebia-se os brancos cristais de gelo.
Não foi só o Maiquel que não resistiu, mas todos nós experimentamos o que era comer neve em "natura".
Mais no costado leste, chegamos a um extenso bloco que pela dureza do gelo, entendemos já ser um glaciar e já estava ali por longos anos. Descemos até um pequeno vale, já sem muitas pedras de deslizamentos e encontramos uma porção maior de gelo macio. Ali deslizamos, jogamos neve um no outro e construímos nosso boneco.
Enquanto subi um pouco mais para filmar e fotografar o glaciar Hombre Cojo nosso artista teve tempo para construir um mascote maior.
PARA AMPLIAR AS FOTOS, CLIC SOBRE ELAS.
Gilberto e seu novo boneco. Acho que ele se inspirou no papai noel.
Nosso tempo estava chegando ao fim. No dia anterior descobrimos que não havia restaurante aberto depois das 18 horas em Las Cuevas. Só não passamos fome porque no alojamento havia arroz e massa. Nosso limite de permanência na montanha ficou nas 15 horas. Retornamos e 17 horas fomos almoçar (ou jantar, como preferir). Sobrou um bom tempo para aquecer a água, tomar um banho, lavar as roupas (um detalhe, não precisa secar roupa na rua, devido a baixa humidade do ar, dentro de casa elas secam).
Terceiro e último dia em Las Cuevas. Era o dia de irmos mais alto. Todavia cometemos um erro que o alpinista não pode incorrer, levantamos tarde. Nosso destino era o Cerro Santa Helena na divisa com o Chile. Este com mais de 4.500 metros era um desafio e tanto. 900 metros acima do que tínhamos feito no dia anterior no Tolosa. Iniciamos a subida no Arco de Las Cuevas (foto da direita) e alugamos uma van. O normal seria 35 pesos por pessoa com direito a subida, descida e informações turísticas. Eu fiz uma contra proposta, 35 pesos só para subida, homem e bicicleta. Foi aceito.
O Gyl trouxe várias cintas plásticas do Brasil e foi o escalado para prender as bicicletas. O motorista ficou enrolando um pouco, talvez esperando que mais alguém decidisse subir junto. Iniciando a jornada, nosso guia foi nos explicando. Estávamos na antiga rota entre Argentina e Chile. Antes da construção do túnel do ferrocarril, este lugar era o mais acessível para fazer a travessia. até 3.500 metros existe um verde e uma vegetação rala, depois desta marca, só a terra desnuda e neste local, uma terra vermelha. A subida é feita em estrada de chão em zigue-zaque ou caracóis. Em 1ª ou 2ª marcha e a preferência é para quem está subindo.
O vilarejo ficou lá em baixo. Conta a história que depois do desmoronamento de pedras, já na década de 50 o governo argentino construiu do outro lado do rio o povoado de Eva Perón. Nos mapas atualmente encontramos os dois nomes, mas o anterior acabou prevalecendo. Talvez em consideração àqueles que foram soterrados. Os veículos podem ir até o monumento do Cristo Redentor. Até que é possível descer pelo lado Chileno, mas não até o asfalto. Fizemos um lanche (desjejum) o primeiro do dia, visto que dormimos mais que a cama, amarramos as bicicletas e de imediato nos empregamos a subir em direção ao Santa Helena. Logo no início podíamos ver em segundo plano, o Aconcágua. Era de tirar o fôlego. Os primeiros momentos de subida foram satisfatórios para todos. Algo que não falei ainda, é sobre o vento. Digo que é constante e forte. Neste dia sentimos mais porque subimos pela aresta da montanha e o vento vinha do Chile. Em alguns momentos, para não perder o equilíbrio era necessário se acocar ou se esconder atrás de alguma pedra.
Quando sobrava tempo, um pouco de descanso com fotos panorãmicas. Deste ângulo, o Tolosa no fundo e nitidamente o glaciar Hombre Cojo. Note, as pernas uma maio que a outra, o tórax, braços e cabeça. Por isto o nome que escolheram para ele.
Aos poucos a montanha foi prevalecendo sobre nós. Subidas íngremes, lugares perigosos, altitude e vento foram selecionando os que iriam mais longe. Voltou a dor de cabeça no Gilberto e o Maiquel pelo cansaço resolver fazer companhia para ele. Ficaram junto a uns blocos de gelo a 4.250m. Combinamos que subiria até onde houvesse segurança. Apesar de caminhar lentamente, me sentia bem e fui subindo. Passei dos 4.400 (segundo os mapas do google Maps terreno) mas tive que parar. Não sabia mais por aonde ia a trilha até o cume. Também diante de mim se levantaram escarpas verticais e não tinha nenhum material técnico para escalada. Estava sozinho e apenas com um rádio de pequeno alcance. Se acontecesse algum acidente comigo é provável que não tivesse socorro. Tive que me contentar em fotografar e filmar. No relato que fiz lamentei o episódio. Deveríamos ter levantado mais cedo, ter feito uma refeição mais reforçada de manhã e ter pelo menos mais um em condições de ir ao cume. Os meses de treinamentos que antecederam esta expedição ainda não foram o suficiente para o Gilberto. Lembrei do Joéde, um dos integrantes que hão havia ido junto. Acho que ele estaria comigo ali naquele momento e com certeza iríamos mais adiante.
O Gyl me comunicou por rádio que já era 15 horas e, portanto hora de descer. Não deixamos nossos nomes no cume deste cerro, mas para primeira experiência valeu. Como grupo o máximo que tínhamos ido era 1.100 metros nos Aparados da Serra. RS. Acredito que na próxima haverá alguma conquista.
Os momentos de descida foram fáceis. Na maior parte do trajeto havia terra e pedras soltas o que amortecia nossos longos passos e dava até para correr montanha abaixo. "Inauguramos" esta técnica na descida do Cerro Sentinela em Sinimbu, RS. Não nos demoramos junto às construções e ao monumento do Cristo Redentor. Apenas nos direcionamos um pouco para o lado Chileno para marcar presença. Não vimos ninguém ali. A presença argentina é mais marcante. Quem de nós imaginaria que menos de duas semanas depois esta nação seria abalada por uns dos maiores terremotos que se tem notícias? Relatos que nos chegaram através do Gustavo dão conta de que o tremor em Las Cuevas balançou armários, derrubou objetos nas prateleiras, mas ninguém se feriu e não houve deslizamento de pedras nas montanhas.
Bom! Mais uma vez, estávamos com o almoço marcado para o horário das 17 horas e então precisamos descer. Eu sempre ficava mais para trás para ir fazendo as filmagens. Outras vezes eles me esperavam para fazer mais uma tomada de cena. Há de chegar um tempo onde teremos uma equipe só de cinema e a outra de "atores aventureiros". A descida foi em alta velocidade para os padrões da bicicleta, em algumas curvas, parecia que íamos barranco abaixo.
O Maiquel achou que as bicicletas deveriam ter suspensão. Acabou ficando um pouco para trás e eu junto do Gyl primeiramente passamos o Arco de volta.
Depois do almoço/janta fui acertar com o Lito a nossa estadia. Não nos cobraram a estadia. Pagamos 268 pesos (no total mais de 300 porque algumas coisas de merenda já havíamos pagado no ato da compra) e levamos ainda um pouco de pão para o dia seguinte.
Antes do crepúsculo, enquanto os outros se achavam cansados e em repouso, fui me despedir de Las Cuevas. Como grupo não costumamos retornar ao mesmo lugar (No caso em apreço, acho que vamos fugir a esta regra pois já temos previsão de voltar). Fui conhecer as fontes que abastecem com água o povoado. Encontrei na encosta do Cerro Santa Helena, um jardim verdejante com muitas flores e ribeiros. São fontes que brotam da montanha. Em ocasião posterior, percebi que isto só acontece em montanhas nevadas, ou seja, em algum lugar lá em cima o degelo penetra na montanha e brota mais em baixo em forma de fonte.
A quinta feira chegou, era o dia 18. Neste dia vimos o nascer do sol. Na foto ao lado, o visual da janela do nosso apartamento visualizando em direção leste. As duas estruturas suspensas eram chaminés dos sistemas de calefação da antiga estación.
Fizemos o desjejum com pães, bolachas e suco e sem ver ninguém nos pomos na estrada. Logo de imediato, o túnel de acesso ao vilarejo e o cuidado de atravessá-lo. Os caminhoneiros que vinham do Chile não teriam culpa em concontrar uns rapazes andando de bike por dentro dos tuneis. Esperávamos ter visada limpa e era nossa vez.
A paisagem logo abaixo também era muito linda, com verde nas encostas e um riachinho de águas limpas. No fundo é claro, montanhas com alguma quantidade de neve. Já não é de agora que se diz que o aquecimento global pode trazer dificuldades para estas regiões. Se acontecer de ficar o verão sem gelo nos cumes (não me refiro aos que tem glaciares permanentes) secam-se todos estes riachos. A pior das três bicicletas era a minha, tinha o guidão reto e o freio era mais antigo, mesmo assim, na descida é tudo festa e fizemos grandes distancias em pouco tempo. Nossa primeira parada efetiva foi no Parque Aconcágua. Pagamos 6 pesos por pessoa e adquirimos o direito de fazer um tour pelo início do parque.
Fomos ver o Canyon formado pelo rio Horcornes, as pedras com fósseis de animais marinhos (o dizer na placa, considera aquele lugar como sendo um antigo fundo de mar ou costa marítima. Estudos dizem que a Placa de Nazca entrou por debaixo da Placa Sul-Americana e elevou esta produzindo a cordilheira), passamos pela base dos guarda-parque e chegamos ao mirante.
O Aconcágua recebe no verão milhares de aventureiros. Alguns vem para tentar o cume, outros apenas para fazer trekking até a base. O custo, principalmente se não for argentino, é grande e a única vantagem são os refúgios e hotéis que tem no caminho e o resgate caso haja acidente. No momento em que estivemos ali não percebemos ninguém que estivesse adentrando o parque para ir adiante, apenas o helicóptero estava fazendo constante transporte de mercadorias e material até algum ponto mais além. Dali cumprimos escala na Laguna Horcornes, quase tão famosa quanto Aconcágua e ali percebemos o porque da proibição de levar junto Perros (Cachorros). Muitas aves vivendo ali em volta daquelas lagoas e próximo a estas seus filhotinhos. Esta que está nas mãos do Gilberto parece o filhote de uma Perdiz, mas de fato não o é.
Do parque, nossa próxima parada foi logo adiante, na Puente del Inca.
Ali encontramos muita movimentação de pessoas. Tendas vendendo artesanato, turistas de passagem, alpinistas que ali se hospedam até adentrar o Parque Aconcágua. Cheguei até o local andando pelos trilhos. Observei as ruínas do lado direito do rio e o alaranjado das fontes termais. Mais para cima, as ruínas do antigo hotel de águas termais. Era um local frequentado pela classe média e alta e no subsolo havia os banhos termais em fontes que não paravam de jorrar da terra. O local mais fotografado, no entanto é esta parte que fica junto a ponte. Trata-se de uma ponte natural formada por minerais e microorganismos biológicos como algas (os quais lhe dão a cor avermelhada), e que se encontra sobre o rio Cuevas. Leva este nome porque era utilizada pelos Incas antes da conquista da América. A hipótese aceita para seu surgimento conta sobre uma ponte de gelo que, após algumas avalanches, as fontes termais e o tempo solidificaram a "construção". Atualmente não é permitido passar por cima da ponte e ir até as ruínas.
Segue a descrição das fotos:

Arredores da Estación Puente del Inca.(direita)





Cerro Penitentes. (4.3351m)Tem este nome devido a semelhança de monges orando.




Vulcão Tupungato. Um pouco menor que o Aconcágua, com 6.550m. Teve a última erupção em 1829

Este mirante foi por ocasião do meio dia em Punta de Vacas. Paramos para almoçar junto a um posto de policia rodoviária. Ali tinha um grande estacionamento para caminhões e dois "comedores" para escolhermos. Optamos por aquele que tinha mais variedade. Enquanto nossa vaca ensopada ficava pronta (também pedimos um prato de talharim para que realmente houvesse variedade), consegui uma lima com o garçom e fui arrumar o pedal da minha bicicleta que tinha se desprendido. Não bastasse, ao cair no asfalto veio um caminhão e passou por cima. De fato consegui arrumar e não incomodou mais. Sobre a história de Punta de Vacas, temos na página sobre o Ferrocarril.
Na esquerda a antiga estación. Quase todas estão habitadas.
Como não havia uma sombra adequada para nosso descanso pós almoço, descemos até a ponte sobre o rio Colorado. Ali encontramos sombra, água fresca (gelada) e um marco histórico relevante: a ponte
Antes de 1934 a via férrea era quase toda do lado direito do rio para quem desce. Neste ano houve um "aluvión" e destruiu uma boa parte da malha. O transporte interrompeu-se até Mendoza, vinha do Chile até Punta de Vacas. Esta ponte ficou apenas como marco histórico visto que existe outra sobre o rio que leva para a margem esquerda. O Gilberto até entrou na água para fazer o comercial dele. Eu fiquei interessado em saber de qual degelo vem tanta água? Um dia quem sabe...
Nosso destino seguinte foi as ruínas da Estação Zanjón Amarillo, destruída no mesmo aluvión. O Maiquel ficou junto ao asfalto com mochilas e bicicletas e junto do Gyl, descemos até a beira do rio. Sabíamos que não teríamos como atravessar devido à correnteza. Mas fizemos boas imagens.


Povoado de Polvaredas. Tem este nome por motivo das tempestades de poeira que por ali passa.




Túneis logo abaixo de Polvaredas. Na esquerda o túnel do trem parcialmente soterrado. Momentos emocionantes e ao mesmo tempo perigosos para os ciclistas.


Na metade da tarde chegamos à altura onde os trilhos retornam a margem esquerda seguindo o traçado original. Fizemos uma reunião para decidir seguir pelo asfalto ou atravessar pela ponte férrea e continuar pelos trilhos. Eu calculei umas três horas de pedalada e assim chegaríamos em Uspallata por volta de 9 horas.
Pois bem, atravessamos a ponte. Creio ser esta a maior de todo o percurso. Começou ali os momentos mais emocionantes de toda a aventura. Coloquei os pneus da bicicleta entre dois trilhos próximos para não precisar me preocupar com a direção. Passo após passo sobre os dormentes para não torcer o pé. Os dormentes estão firmes, pelos próximos 10 anos quem passar por ali não vai ter problemas. Sempre na metade do trajeto dá um friozinho na barriga, e o vento passando por aquelas estruturas metálicas completavam o show.
Logo depois, uma estrutura suspensa para abastecimento de água e uma casa de alvenaria abandonada. Eu tive a liberdade de imaginar que ali habitaram os construtores da ponte, entre 1934 a 1935. (Possamos fazer este trajeto em outra ocasião com mais tempo!)
Mas seguimos. O Maiquel preferia pedalar sobre os dormentes. Eu e o Gilberto nas laterais para diminuir os solavancos. Muitos arbustos espinhentos no caminho e não dávamos atenção para eles, as bicicletas estavam boas. Seguimos, fizemos curvas, passamos por pontes e por um túnel. Como se vê, perto das montanhas, acontece da "estrada" estar repleta de pedras.
Algo nos preocupou! Quando em pontes, olhando para baixo nada havia de água. Ou seja, para direita, não havia nenhuma montanha nevada e consequentemente não teríamos mais como coletar líquido. O rio Mendoza que corria na nossa esquerda, nem pensar, todo ele é barrento. Eu havia pegado água no rio Colorado e colocado uma pastilha de Clor-in, mas meus companheiros não. Tive que "emprestar" um pouco para o Gilberto e depois ninguém mais tinha.
Furou o primeiro pneu furou! Fizemos um Bit Stop e tudo resolvido.
Seguimos pedalando até as imediações da Puente Pichueta (do outro lado do rio, pois víamos o riacho que passa por ela). Ali concluímos ter havido um erro de logística, pois estava anoitecendo e estávamos muito longe e agora já outros pneus estavam furados de tal forma que não teria conserto suficiente. Optamos por atravessar o rio e voltar ao asfalto. O Gilberto desceu até a margem e fez alguma tentativa. Era muito arriscado, mesmo que fosse possível atravessar, nosso material e documentos corriam o risco de molhar ou ser arrastado rio abaixo.
Tive que dizer a eles que só havia uma alternativa, seguir pelos trilhos caminhando porque era certo que chegaríamos até a Estacion Uspallata. Ainda tinha uns 200ml de suco que recebemos no FlechaBus, deu uns 3 goles para cada um. No mapa abaixo, acompanhe o trecho que fizemos de bicicleta e depois, pontilhado, carregando as bicicletas.
Image and video hosting by TinyPic
Fazendo nossa trajetória no software google earth, este trajeto dá 18 km. O Gilberto veio considerando as placas que havia nas laterais e disse que deu bem mais do que 20 km. Mas foi uma epopéia. Logo após escurecer dava gosto olhar para o outro lado do rio, no asfalto aqueles fachos de luz. Eram os veículos e caminhões passando. O vento nos ajudava, vinha de nossas costas e quando a Via Láctea se revelou para nós, não precisamos mais de lanterna para o caminho (somente é claro para procurar água nas pontes e para pisarmos nos dormentes destas). Foi de fato uma noite inesquecível. Nós, o deserto, o vento, os rieles (trilhos) a Via Láctea e o contorno das montanhas com o céu. Também posso dizer que cansamos e quase morremos de sede, mas isto é tudo psicológico, sabemos.
A aproximação de Uspallata não animou muito, visto que a cidade ia ficando mais para o norte e nós indo para o sudeste. Identifiquei as montanhas que cercam a Estación Uspallata (nosso destino certo) e pude calcular nossa aproximação. Quando chegamos nas pontes, cuidamos em vão haver água lá no fundo. A segunda ponte, até bem perigosa porque não tinha os dormentes. Tive que passar todas as bicicletas para poupar os meninos. Depois desta, eles quiseram ficar atirados no trilhos até não sei que hora. Eu fui adiante e permanecemos em contato pelo rádio. Passei por uma cerca (sobre os trilhos) e avisei-os, mas eles estavam logo ali e seguimos novamente os três. Chegamos a estação em torno de 2 horas da madrugada. Achamos água em um casebre. Logo adiante, na mesma linha da estação, muitas casas habitadas e os guris acharam por bem acordar alguém. Eu temia levar um tiro e o argentino que resolveu sair da cama só dizia: "Que se passa?" Tive que ser o intérprete e expliquei a nossa lástima. Ele nos indicou um galpão abandonado para passar o resto da noite e não nos deu água. Eu e o Gyl dorminos nos infláveis, o Miquel sobre restos de construção, mas chegou a roncar. Eu fiz algumas imagens na função nightshot e no outro dia de manhã, esqueci de reverter. Pensei que tinha estragado a filmadora, pois os vídeos e fotos apareciam tudo branco. Consequência, perdi todas as fotos e imagens da Estación Uspallata. Fizemos uma tentativa de concerto dos pneus das bikes, mas foi só um paliativo, de tempos em tempos tinha que parar e encher de novo. A situação se tornou insuportável e o vento agora vinha do lato potrerillos para Uspallata e nos era contrário. Desanimamos na beira da estrada e pedimos carona. Foi pra já e um argentino parou com um enorme caminhão vazio. Já que o Maiquel teve uma noite difícil, deixamo-lo ir na cabine.
Nosso mais novo amigo nos deixou no entroncamento da Ruta 7 com a Ruta 40 e nos indicou a direção. Almoço e concerto dos pneus ok. Agora era só pedalar mais uns 20 km até o centro da cidade. Seguimos a narrativa com o Gustavo:

En Mendoza habíamos quedado preocupados, por la poca ropa de abrigo que los Hermomtes habían traído y tratamos de convencerlos para que alquilaran unas buenas camperas de abrigo, pero no conseguimos nuestro propósito y así nomas habían partido a Las Cuevas. La previsión hecha para comunicarnos el lunes 15 a la noche con el celular de Pablo( ya que tenia comunicación gratis con sus tíos), no había resultado; otro intento el martes 16 a la noche tampoco. Entonces había quedado con Sara que me avisaría cuando los viera llegar el miércoles 17 y así fue que pude hablar con Rik y me informaba que estaban bien, que no habían pasado frío (Gracias a Dios!!) y que habían previsto volver a Mendoza el viernes 19.
Así es que transcurriendo aproximadamente las 16 horas de dicho viernes, me sorprende el aviso del MSN en la pantalla de la computadora de mi oficina, que Rik estaba conectándose. Mas sorprendido quedé aún cuando me dijo Rik que estaba chateando desde pleno centro de la ciudad de Mendoza, cuando yo creía que lo estaba haciendo desde Uspallata. Como Ricardo posee un muy buen sentido de la orientación, con sólo unas pocas indicaciones, estaban llegando de vuelta a mi casa a eso de las 19 horas, sanos (casi) y salvos, hora en la cual ya estaba yo de regreso en mi casa desde mi trabajo.
El color de la piel de Ricardo y de Maiquel, era de un color entre rosa y rojo, tal cual el color que toman los cangrejos después que han sido cocinados, no así la de Gilberto que ya sabemos que tiene un color de piel mas curtida. Y no haré mención de la cara de cansancio de estos 3 hombres después de un día entero pedaleando montañas abajo.
Ducha mediante y con el semblante recompuesto, debían elegir entre dos opciones: o ir con Karen y sus amigos al centro a tomar algún trago y luego ir a bailar, o acompañarnos a Patricia, a Tiago y a mí, al cumpleaños de nuestra amiga Sandra. Yoel seguía sin poder conocer al trío ya que cuando llegaron, él ya se ido a su trabajo (es cocinero en una pizzería de nuestro barrio). Obviamente, nuestros nuevos héroes del asfalto, optaron por la salida mas tranquila. Ir al cumpleaños de Sandra. Ricardo a su vez, me informaba que ellos no tenían ropa adecuada (según ellos) para ir al cumpleaños, pero lo tranquilicé ya que su ropa, encajaba perfecto con el estilo totalmente informal de la reunión.

Allí se familiarizaron con el grupo de seis amigos (uno de ellos era Rubén ya famoso por ser el proveedor de las bicis), quienes nos conocemos desde la época de nuestra adolescencia y que gracias a Dios hemos mantenido y acrecentado nuestra amistad junto a nuestras familias. Comimos empanadas, sándwiches de miga y pizza. Rik bebió gaseosa de pomelo y yo acompañe con el infaltable combustible (Coca Cola) a Maik y a Gyl. Después de entonar el “Cumpleaños Feliz” para Sandra pudimos saborear la rica torta. No puedo terminar esta parte del relato sin mencionar que Gyl tuvo una muy buena noche ya conoció a Florencia, hija de mi primo Alejandro, quedando deslumbrado con mi sobrina.
Antes de ir al cumpleaños le había preguntado a Rik, que qué le parecía ir de excursión el sábado a Cacheuta, y con solo mirarle la cara antes que me contestara supe que la propuesta era aceptada 100%.
El sábado salí a las 7 de la mañana al centro para intentar comprar entradas para nuestra Fiesta de la Vendimia que sería el día 6 de marzo, tuviéndome que volver a las 10:15 sin haber podido cumplir mi cometido por causas que aquí no interesa tanto mencionar.
36 kilómetros nos separaban de Cacheuta, asique desayunamos y pasamos por la terminal para reservar los pasajes de vuelta en Andesmar para el tramo Mendoza-Paraná. Como lamentablemente no había pasajes en coche cama tuvo que comprar en semi-cama con salida a las 20:30 del domingo 21. La pena de pensar que pronto estarían volviendo a tierras brasileñas, se me disipaba un poco comentándoles a mis amigos algún detalle interesante en nuestro camino hacia la pre-cordillera.
Para no tener que andar preocupados, hicimos una parada en Luján para cargar gas para el auto, y en unos pocos más minutos, llegábamos a destino. Cacheuta ha quedado en un punto muerto de la vieja ruta 7 a Chile, debido a la construcción del dique Potrerillos unos kilómetros mas arriba. Gracias a las aguas termales que allí surgen de las entrañas de la tierra, esta localidad no se ha convertido en un pueblo fantasma, y se mantiene viva gracias a la gran cantidad de turismo que la visita.
Obligado es el cruce (obviamente a pie) del puente colgante sobre el rio Mendoza, el cual en una época estuvo vedado al uso, debido a los embates de un viento zonda que lo azotó.

El río en esta parte lleva apenas un hilo de agua, ya que el sobrante de agua del embalase Potrerillos es tomado por la usina de Cacheuta, para generación eléctrica.
Los chicos aprovecharon para comprar algunos presentes y recuerdos para sus seres queridos en Brasil y como ya eran cerca de las 16 horas teníamos que encontrar un lugar del cual yo había oído hablar pero que no conocía, donde sabia que se podía disfrutar de las aguas termales y a la vez había lugar para hacer asado. El lugar estaba atestado de visitantes y no nos quedaba mucho tiempo para disfrutarlo porque a las 18:30 cerraba sus puertas. Para entrar nos cobraron 20 pesos por persona. Los Hermomtes gentilmente pagaron mi entrada.

El lugar está preparado con una serie de fuentes y piletones (foto) tanto en el nivel de entrada como mas abajo también al nivel del río; en otro sector hay un montón tablones y banquetas, algunos bajo techo, otros a la intemperie pero bajo la sombra de arboles y nosotros nos ubicamos en un lugar cerca de una churrasquera, para poder cocinar a las brasas las hamburguesas que habíamos llevado. Maik y Gyl se habían ido a deleitarse en las piletas de agua calentita (foto) mientras Rik se retrasó un poco tentado por saborear unas tajadas de un sabroso melón. Pasada una media hora comimos, por supuesto con una buena ración de combustible (Coca Cola), (foto) y a las 18:30 tuvimos que dejar el lugar.

Karen en Mendoza estaba esperando a los nuevos amigos para llevarlos a conocer la movida nocturna de Mendoza. Asique ducha mediante Maiquel y Gilberto se aprestaron a salir. Rik “arrugó” y dejo ir a los jóvenes a divertirse y él se quedó a descansar. Los llevé en el auto hasta la calle Arístides (Villanueva) y para volver tomarían un taxi. En el grupo también estaban Pablo y Cristian de Chile, amigo de Karen, que estaba pasando unos días de vacaciones en Mendoza. En la foto están de izquierda a derecha, Gilberto, Cristian, Karen, Pablo y Maiquel en Basílika dispuestos a jugar al pool.

El domingo a la mañana hacíamos el último paseo con destino al shopping de Mendoza ya que los chicos tenían algunos pesos de sobra disponibles. Yo dejé cocinando una salsa roja (de tomate) y mi esposa Patricia quedó preparando los tallarines caseros con los que queríamos agasajar a nuestros nuevos amigos en el día de su despedida.
Camino al shopping, paramos en Los Portones del Parque que fueron hechos en Glasgow, Escocia. Por décadas se pensó que habían sido encargados por el sultán árabe Abdul Hamid II, quien no lo retiró de fábrica porque una revolución lo obligó a abdicar, lo cual otorgó la oportunidad al gobierno local de adquirirlos.

Pero la documentación histórica indica que la compra se realizó con anterioridad a dicha revolución. El entonces gobernador de Mendoza, Emilio Civit, se enteró de su existencia y decidió comprarlos para la principal entrada del parque que por ése entonces se estaba inaugurando (año de 1909)(Foto). También hicimos una pequeña recorrida por el interior del parque, visitando el lago artificial, hermoso espejo de agua en cuyo costado se erigió el Club Mendoza de Regatas.

Tiene más de un km. de largo con 8 hectáreas de superficie (foto) y fue proyectado para la competencia deportiva de embarcaciones ligeras.
Llegamos al shopping. Buscábamos unas zapatillas que Gyl se quería comprar, pero terminamos en Falabella por ser una tienda polirrubro lo que facilita la búsqueda de lo que uno necesita. Al final las zapatillas las encontramos en otro local. Pasamos con Gyl por el supermercado para comprar queso de rallar que nos iba a hacer falta para los tallarines que nos estaban esperando y volvimos a mi casa a almorzar con miedo que Patricia nos retara, por la hora a la que estábamos volviendo. Pero estaba todo bien. La salsa roja ya estaba lista y preparé rápidamente una salsa blanca (de queso) para ofrecer una alternativa a nuestros amigos. Con sorpresa supimos que nunca habían comido pastas caseras y que si bien en Brasil comen tallarines (macarrão) la forma de servirlos era totalmente nueva para ellos. Según los chicos los tallarines estuvieron sobresalientes.
Rik, Maik y Gyl a pocas horas de su llegada, demostraban ser gente honesta, personas humildes y de bien, muy respetuosos y muy compañeros y ahora que habíamos compartido varias horas mas juntos, gracias a esos valores, se lograba consolidar para siempre nuestra amistad. Si bien el liderazgo del grupo, es llevado por Ricardo debo decir que se comportó y compartió como uno más del grupo.

La hora de la despedida ya estaba cerca. Las mochilas volvían mucho más llenas de lo que habían llegado. Nuestros AMIGOS llevaban, aparte de los presentas para sus queridos, algunos obsequios nuestros como conserva de tomate casera (que por un accidente, no pudo llegar a destino) dulce de durazno y nueces pecan. Llegamos a buena hora a la terminal y ninguno de los cuatro queríamos que ocurriera lo inevitable: la tediosa despedida. La foto evidencia nuestro contenido estado de gran emoción, que en mi caso era una mezcla de pena y a la vez de una alegría inmensa de haber podido experimentar una de las vivencias más movilizadoras de mi vida.
GRACIAS HERMANOS HERMOMTES!!!!

Foi a maior aventura de nossa vida! Faço menção aqui dos pontos relevantes; a amizade que concretizamos; as experiências em alta montanha e o retorno pelos trilhos do trem. A amizade com o Gustavo vem de uma data que não sei especificar. Foi atráves do comunicador instantâneo Radius Im que achei ele e mencionei que tinha planos de ir a Mendoza. Durante o projeto ele nos ajudou com todas as informações que precisamos. Até mesmo tentou pleitear uma autorização junto ao Departamento de Municipalidade de Las Heras para nossa filmagem do ferrocarril. Não conseguiu a autorização, mas nos animou a ir mesmo assim e correr o risco de alguma fiscalização. A realidade é que encontramos tudo abandonado e nada de oposição.
Não temos como lhe agradecer! Ele se tornou um de nós e vai continuar cuidando de todos os assuntos dos projetos que envolvam aquela região.
A viagem até Parana foi boa. Finalmente andamos no Andesmar. O diferencial deste bus foi o Bingo envolvendo um garrafão de vinho. Me fez companhia um morador de Santa Fe e conversamos por longo tempo.
Já na capital de Entre-Rios, não nos estressamos com a realidade de esperar o dia inteiro para o próximo ônibus, deixamos as bagagens no Terminal e fomos conhecer a cidade. Em uma via chamada Costaneira, caminhamos pela orla do rio Paraná. Almoçamos em um de seus restaurantes. Pedimos é claro, pescado. Veio tanta coisa que tivemos que pedir para a atendente parar.
De tarde fizemos um tour pelo centro e para completar nossas horas naquela cidade, fomos ao cinema ver o Avatar em castelhano (detalhe, o Maiquel não dormiu durante a apresentação). Depois das 23 horas, novamente no FlechaBus, retornamos para Paso de Los Libres.
Dia 23 de manhã retornamos ao solo brasileiro e de noite chegamos em Santa Cruz do Sul.
Através das imagens coletadas, produzimos o DVD: